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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Até breve.

Calma, calma, esse não é um post de despedida do blog, muito embora seja um post de despedida, e talvez um dos posts mais difíceis que já escrevi (se não o mais).

O post é longo, e se não quiserem, ou não tiverem tempo pra isso, não se preocupem, esse post é algo pra mim, uma forma de expressar o que estou passando.


Ontem, dia 14 de janeiro, faleceu a pessoa que fez de mim, muito do que sou hoje. O último ano foi muito difícil, desde a descoberta do câncer, que àquela altura já havia se espalhado, diversas sessões de quimioterapia, radioterapia, a queda de cabelo, e de um bigode que foi cultivado com tanto cuidado por tantos e tantos anos (desde sempre, talvez).

É engraçado, como nos agarramos a fiapos de esperança, a farrapos de vida, na esperança de que algo, alguém, uma força superior, possa mudar o rumo dos acontecimentos. Mas nem sempre o(s) Deus(es) nos atendem, seja lá qual o motivo que motiva tais decisões, se é que eles existem, e não é a mera casualidade que os comanda.

Meu avô faleceu aos 79. Setenta e nove anos bem vividos. Não acumulou bens. Ao contrário, sempre foi pródigo, sempre cometendo loucuras, como viagens, sem se preocupar com o depois. Isso que talvez enlouqueça qualquer empresário, ou gurus de economia pessoal, certamente criou um ambiante mágico para os netos (ou ao menos para mim), sempre esperando uma próxima aventura.

Foi dele também, a paixão por contar histórias (sem a qual, talvez eu nunca tivesse começado a escrever nada, e muito menos os blogs que mantenho). Lembro de não cansar de ouvir, repetidamente, a história do "Alfaiate Valente", ou como ele contava, o "Mata Sete".

Lembro também, ainda criança, o medo de ir ao quintal a noite, sozinho, com medo de um lobisomem que espreitasse do alto do muro, pronto pra atacar, como tantos anos antes acontecia na casa dele, quando ele mesmo era criança.

As histórias sempre foram seu forte, sempre pronto a contar uma passagem de sua vida, que parecia tão impossível, quanto crível.

Lembro ainda hoje, quando assisti ao filme "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas", e quem o conheceu, pode facilmente reconhecer no personagem de Edward Bloom, a figura do meu avô. E quando assisti ao filme, chorei no final, com o funeral do personagem.

E hoje, de alguma forma, enxerguei a coisa toda dessa maneira. Como Edward, que deixava de contar a história, para passar a ser parte dela.

Por mais clichê que possa parecer, o dia que amanheceu nublado, se abriu no momento do enterro, uma última homenagem talvez do sol, a uma pessoa que sempre amou a praia.

Depois de 24 horas segurando todas as emoções, eu resolvi abrir mão de uma regra minha, de não expor minha vida pessoal aqui, e compartilhar com vocês, essa homenagem ao maior homem que eu conheci.

Adeus.

E agora, uma música, com uma cena muito importante do filme....


Um comentário:

  1. Justa homenagem a aquele que tratou não só os netos como netos, mas a todos que tiveram perto dele.

    Bonita e sincera, que ele vá em paz.

    Henrique

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